
Autismo e TDAH: O Papel das Funções Executivas na Infância
Este artigo explora como as funções executivas (FEs), como atenção e controle de impulsos, se manifestam em crianças e adolescentes com histórico familiar de autismo e/ou TDAH. Descubra as diferenças, semelhanças e o que isso significa para o futuro.
O Que São Funções Executivas e Por Que Elas Importam?
Imagine que seu cérebro é uma orquestra. As funções executivas (FEs) são como o maestro, que organiza e coordena tudo para que a música (sua vida) flua bem. Elas são um conjunto de habilidades mentais que nos permitem:
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Prestar atenção: Focar no que é importante e ignorar distrações. 
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Controlar impulsos: Pensar antes de agir, resistir a tentações. 
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Planejar e organizar: Definir metas, criar estratégias e organizar tarefas. 
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Ter flexibilidade mental: Adaptar-se a mudanças e pensar em diferentes soluções. 
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Memória de trabalho: Guardar informações na mente por um tempo curto e usá-las. 
Leia também: Qual o efeito da Atomoxetina no Tratamento do TDAH?
Essas habilidades são essenciais para o dia a dia: na escola, no trabalho, nos relacionamentos, em tudo. Quando as FEs não funcionam bem, a vida pode ficar bem mais complicada.

Autismo, TDAH e Funções Executivas: Uma Relação Complexa
Tanto o autismo quanto o TDAH são condições do neurodesenvolvimento, o que significa que o cérebro se desenvolve de um jeito um pouco diferente. E, muitas vezes, essa diferença afeta as funções executivas.
Um estudo publicado na revista “Scientific Reports” investigou justamente isso. Os pesquisadores queriam saber:
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Crianças com histórico familiar de autismo e/ou TDAH têm mais dificuldades com as FEs? 
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Essas dificuldades são iguais em crianças com histórico apenas de autismo, apenas de TDAH, ou de ambos? 
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As FEs se desenvolvem da mesma forma em crianças com e sem esse histórico familiar? 
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Existe relação das funções executivas com os niveis de traços de autismo e TDAH? 
Para responder a essas perguntas, eles avaliaram crianças e adolescentes em diferentes momentos, usando testes e questionários.
Leia também: Como o TDAH Afeta a Habilidade de Leitura em Crianças
O Estudo: Um Olhar Atento ao Desenvolvimento
O estudo acompanhou crianças e adolescentes ao longo do tempo. Eles foram divididos em grupos, de acordo com o histórico familiar:
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Grupo sem histórico: Crianças sem nenhum parente próximo (pais ou irmãos) com autismo ou TDAH. 
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Grupo com histórico de autismo: Crianças com pelo menos um parente próximo com autismo. 
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Grupo com histórico de TDAH: Crianças com pelo menos um parente próximo com TDAH. 
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Grupo com histórico de autismo e TDAH: Crianças com pelo menos um parente próximo com autismo e um com TDAH. 
Os pesquisadores usaram diferentes testes para avaliar as FEs das crianças, desde tarefas simples (como inibir uma resposta automática) até tarefas mais complexas (como planejar e mudar de estratégia).
Leia também: TDAH e Dependência Digital: O Que Você Precisa Saber

Os Resultados: Desafios nas Funções Executivas Simples
Os resultados do estudo mostraram que:
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Funções Executivas Simples: Crianças e adolescentes com histórico familiar de autismo e/ou TDAH tiveram mais dificuldade em tarefas que medem funções executivas simples. 
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Funções Executivas Complexas: - 
Aos 2 anos: Crianças com histórico apenas de autismo tiveram mais dificuldade em tarefas que exigem atenção executiva (controlar a atenção e mudar o foco). 
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Aos 3 anos: Crianças com histórico de autismo e TDAH tiveram mais dificuldade em tarefas que exigem funções executivas complexas. 
 
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Ligações: - 
Aos 2 anos: pior desempenho em uma tarefa simples estava ligado com mais sintomas de autismo e TDAH aos 3 anos. 
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Aos 3 anos: um pior desempenho nas funções executivas simples foi associado a mais sintomas de TDAH. Um pior desempenho nas funções executivas complexas foi associado a mais sintomas de autismo. 
 
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O Que Isso Significa? Entendendo as Diferenças
Esses resultados nos ajudam a entender melhor como as FEs se desenvolvem em crianças com histórico familiar de autismo e/ou TDAH:
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Um risco compartilhado: Ter um parente próximo com autismo ou TDAH aumenta o risco de a criança ter dificuldades com as FEs, mesmo que ela não tenha o diagnóstico de nenhum dos transtornos. 
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Desafios diferentes em cada idade: As dificuldades podem aparecer em diferentes momentos e em diferentes tipos de FEs, dependendo do histórico familiar. 
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A importância do acompanhamento: É fundamental acompanhar o desenvolvimento das crianças com histórico familiar de autismo e/ou TDAH, para identificar precocemente possíveis dificuldades e oferecer o apoio necessário. 
Leia também: Memória de Trabalho: O Que é e Como Ela Influencia o TDAH?

O Que Fazer? Estratégias de Apoio e Intervenção
Se você é pai, mãe, educador ou profissional de saúde e convive com crianças com histórico familiar de autismo e/ou TDAH, aqui estão algumas dicas que podem ajudar:
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Observe e acompanhe: Fique atento ao desenvolvimento da criança, observe suas dificuldades e seus pontos fortes. 
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Busque ajuda profissional: Se você perceber dificuldades nas FEs, procure um profissional qualificado (psicólogo, neuropsicólogo, etc.) para uma avaliação. 
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Estimule as FEs: Ofereça atividades e brincadeiras que estimulem as FEs, como jogos de memória, quebra-cabeças, jogos de tabuleiro, atividades que exijam planejamento e organização. 
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Adapte o ambiente: Crie um ambiente que seja favorável ao desenvolvimento das FEs, com rotinas claras, organização e poucas distrações. 
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Seja paciente e ofereça apoio: Lembre-se de que o desenvolvimento das FEs leva tempo e que cada criança tem seu próprio ritmo. Seja paciente, ofereça apoio e celebre as pequenas conquistas. 
Para entender sobre as dificuldades na interação social, sugerimos a leitura do nosso post: TDAH e Transtorno Bipolar: Uma Conexão Complexa que Exige um Olhar Atento
Conclusão: Um Olhar Atento para o Futuro
O estudo sobre as FEs em crianças com histórico familiar de autismo e/ou TDAH nos mostra que o desenvolvimento dessas habilidades pode ser diferente e que é importante estarmos atentos a essas diferenças.
Ao compreendermos melhor como as FEs se desenvolvem e como elas se relacionam com o autismo e o TDAH, podemos oferecer o apoio necessário para que todas as crianças alcancem seu pleno potencial e construam um futuro com mais autonomia, bem-estar e qualidade de vida.
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- Referências
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FAQ – TDAH e Metabolismo: O Que Você Precisa Saber

Sou Jeferson Magno Amorim Manini, graduando em Psicologia e apaixonado por neurociência, pesquisa e conhecimento. Minha jornada acadêmica e profissional me levou a explorar profundamente o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), não apenas como um tema de estudo, mas como uma realidade que impacta milhões de pessoas.
Foi dessa paixão que nasceu o TDAH.World, um espaço criado para informar, apoiar e conectar pessoas com TDAH. Meu objetivo é traduzir informações complexas em conteúdos acessíveis, sem perder a profundidade científica, para que mais pessoas possam entender e lidar melhor com os desafios – e também as potencialidades – do TDAH.
Acredito que conhecimento bem aplicado pode transformar vidas, e é isso que me motiva a continuar estudando, escrevendo e compartilhando insights sobre neurociência, saúde mental e desempenho cognitivo. Se você chegou até aqui, espero que encontre neste espaço algo que faça sentido para você!