
Desvendando os Subtipos do TDAH: Como um Exame Cerebral Revela Diferenças Cruciais
Mergulhe em um estudo científico fascinante que utilizou ressonância magnética para revelar as diferenças cerebrais entre os subtipos de TDAH (desatento e combinado). Descubra como essa pesquisa inovadora pode aprimorar o diagnóstico e tratamento do TDAH, oferecendo uma abordagem mais personalizada e eficaz.
Além dos Rótulos: Explorando a Diversidade do TDAH
Quando falamos em Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, é comum que o imaginemos como uma única condição, com sintomas homogêneos e um tratamento padronizado. No entanto, a realidade é muito mais complexa e multifacetada. A ciência já reconhece que existem diferentes subtipos de TDAH, cada um com suas características e desafios particulares:
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TDAH Desatento (TDAH-I): Predomínio de sintomas relacionados à falta de atenção, como dificuldade de concentração, esquecimento, desorganização e dificuldade em seguir instruções.
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TDAH Hiperativo-Impulsivo (TDAH-HI): Predomínio de sintomas relacionados à hiperatividade e impulsividade, como agitação, dificuldade em ficar quieto, impulsividade verbal e motora e dificuldade em esperar a vez.
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TDAH Combinado (TDAH-C): Presença de sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade de forma significativa.
Compreender as diferenças entre esses subtipos é fundamental para um diagnóstico mais preciso e para um tratamento mais personalizado e eficaz. E, para desvendar os mistérios dos subtipos do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, os cientistas têm utilizado técnicas avançadas de neuroimagem, que permitem analisar o cérebro em detalhes e identificar possíveis diferenças entre os subtipos do transtorno.
Desvendando o Cérebro TDAH: Uma Jornada Através da Neuroimagem
Um estudo científico recente, publicado no renomado “Journal of Psychiatric Research”, utilizou uma técnica de neuroimagem chamada espectroscopia de ressonância magnética (MRS) para investigar as diferenças cerebrais entre os subtipos de Déficit de Atenção e Hiperatividade em crianças e adolescentes. A MRS é como uma “lente microscópica” que permite aos cientistas analisar a composição química do cérebro, medindo os níveis de diferentes substâncias, chamadas de metabólitos.
Neste estudo, os pesquisadores se concentraram em dois metabólitos específicos: o N-acetil aspartato (NAA) e a creatina (Cr). O NAA é como um “marcador” da saúde dos neurônios, as células cerebrais responsáveis pela comunicação e pelo pensamento. Já a creatina está relacionada com o metabolismo energético do cérebro, fornecendo energia para as células cerebrais funcionarem adequadamente.

Senior woman undergoing on MRI scanner while doctor is supervising the procedure.
A Surpresa da Ciência: Diferenças Sutis, Mas Significativas, no Cérebro TDAH
Os pesquisadores examinaram o cérebro de três grupos de meninos: um grupo com TDAH-C (subtipo combinado), um grupo com TDAH-I (subtipo desatento) e um grupo de controle (sem TDAH). Eles mediram os níveis de NAA e creatina em uma região específica do cérebro chamada núcleo lenticular, que faz parte dos gânglios da base, uma área envolvida no controle dos movimentos, na motivação e no aprendizado.
Os resultados do estudo revelaram algumas diferenças sutis, mas significativas, nos níveis de NAA e creatina no núcleo lenticular entre os grupos:
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Menores níveis de NAA/Cr no TDAH-C: As crianças com TDAH-C apresentaram níveis significativamente menores de NAA em relação à creatina no núcleo lenticular, em comparação com os outros grupos. Essa redução foi observada tanto no hemisfério direito quanto no esquerdo do cérebro.
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Diferença entre os subtipos: Curiosamente, a redução de NAA/Cr foi mais evidente no subtipo combinado (TDAH-C) do que no subtipo desatento (TDAH-I), indicando que pode haver diferenças neurobiológicas entre os subtipos do transtorno.
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Normalização da creatina com a medicação: Em um subgrupo de crianças com TDAH-C que foram tratadas com metilfenidato, os pesquisadores observaram uma normalização dos níveis de creatina no núcleo lenticular, o que sugere que a medicação pode atuar no cérebro, ajudando a regular o metabolismo energético e a melhorar o funcionamento dos circuitos neurais envolvidos no Transtorno .
O Significado das Descobertas: Implicações para o TDAH
Esses achados nos ajudam a entender melhor o que acontece no cérebro das crianças com o Transtorno , revelando que:
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O TDAH-C e o TDAH-I não são a mesma coisa: Embora ambos sejam subtipos do Transtorno, o estudo sugere que eles podem apresentar diferenças neurobiológicas, com o subtipo combinado (TDAH-C) mostrando alterações mais evidentes nos níveis de NAA e creatina no núcleo lenticular.
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O núcleo lenticular como uma região-chave no TDAH: O núcleo lenticular, uma região dos gânglios da base, parece desempenhar um papel importante no Transtorno , e as alterações nos níveis de NAA e creatina nessa região podem estar relacionadas com os sintomas do transtorno.
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O potencial da medicação: A normalização dos níveis de creatina com o tratamento medicamentoso reforça a importância da medicação para o Transtorno e sugere que ela pode atuar no cérebro, ajudando a regular o metabolismo energético e a melhorar o funcionamento dos circuitos neurais envolvidos no transtorno.

3D render of a medical background of healthy brain and diseased brain with Covid 19 virus cells
Rumo a um Futuro Personalizado: Diagnóstico e Tratamento Sob Medida
Este estudo representa um passo importante para a compreensão da neurobiologia do Transtorno e para o desenvolvimento de abordagens de diagnóstico e tratamento mais personalizados e eficazes. Ao compreendermos melhor as diferenças entre os subtipos de Déficit de Atenção e Hiperatividade e como o cérebro de cada pessoa responde ao tratamento, podemos oferecer intervenções mais direcionadas e individualizadas, que atendam às necessidades específicas de cada paciente.
A pesquisa com neuroimagem, como a espectroscopia de ressonância magnética, pode se tornar uma ferramenta valiosa para auxiliar no diagnóstico e no monitoramento do tratamento do Déficit de Atenção e Hiperatividade, permitindo que os profissionais de saúde avaliem a resposta individual de cada paciente e ajustem as abordagens terapêuticas de forma mais precisa e personalizada.
Para complementar seus conhecimentos, leia o nosso artigo Medicamentos para TDAH e a Redução da Mortalidade: Uma Nova Perspectiva
Desvendando o TDAH, Construindo um Futuro com Mais Qualidade de Vida
A pesquisa sobre a creatina e o glutamato no cérebro Déficit de Atenção e Hiperatividade nos oferece um vislumbre fascinante do universo neuroquímico desse transtorno, revelando que alterações sutis no metabolismo cerebral podem ter um impacto significativo nos sintomas e na vida das pessoas com Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Ao continuarmos a investir em pesquisas científicas que busquem desvendar os mistérios do cérebro TDAH, abrimos portas para o desenvolvimento de tratamentos mais eficazes e personalizados, que possam realmente fazer a diferença na vida de milhões de pessoas em todo o mundo. Lembre-se: você não está sozinho nessa jornada. A informação e o apoio profissional são seus maiores aliados para construir uma vida plena e significativa com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Informações sobre a pesquisa
Autor: Li Sun
Fonte: Journal of Psychiatric Research
Contato: Li Sun
Pesquisa Original : Acesso aberto
“Differences between attention-deficit disorder with and without hyperactivity: a 1H-magnetic resonance spectroscopy study“ Li Sun et al. Journal of Psychiatric Research

Sou Jeferson Magno Amorim Manini, graduando em Psicologia e apaixonado por neurociência, pesquisa e conhecimento. Minha jornada acadêmica e profissional me levou a explorar profundamente o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), não apenas como um tema de estudo, mas como uma realidade que impacta milhões de pessoas.
Foi dessa paixão que nasceu o TDAH.World, um espaço criado para informar, apoiar e conectar pessoas com TDAH. Meu objetivo é traduzir informações complexas em conteúdos acessíveis, sem perder a profundidade científica, para que mais pessoas possam entender e lidar melhor com os desafios – e também as potencialidades – do TDAH.
Acredito que conhecimento bem aplicado pode transformar vidas, e é isso que me motiva a continuar estudando, escrevendo e compartilhando insights sobre neurociência, saúde mental e desempenho cognitivo. Se você chegou até aqui, espero que encontre neste espaço algo que faça sentido para você!