Tratamento TDAH: A Luta Diária Para Seguir em Frente (e Como Vencer!)

Tratamento TDAH: A Luta Diária Para Seguir em Frente (e Como Vencer!)

Crianças com TDAH têm conexões cerebrais diferentes, especialmente durante tarefas do dia a dia? Estudo com realidade virtual traz novas pistas. Entenda!

O TDAH, ou Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, é muito mais comum do que a gente imagina. Ele não afeta só crianças na escola; muitos adolescentes e adultos seguem lidando com seus sintomas – a dificuldade de prestar atenção, a inquietude que não para, a impulsividade que leva a agir sem pensar. A boa notícia é que o TDAH tem tratamento! Existem medicamentos (estimulantes e não-estimulantes) que são seguros e ajudam muito a controlar os sintomas na maioria das pessoas, além de terapias, apoio na escola e mudanças no estilo de vida que fazem uma diferença enorme.

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Mas aqui entra um ponto delicado: mesmo tendo tratamentos que funcionam, manter a rotina, seguir o plano direitinho – o que os médicos chamam de aderência ao tratamento – é um dos maiores desafios para quem tem TDAH e suas famílias. É como ter um mapa ótimo para chegar a um lugar, mas encontrar vários obstáculos no caminho que dificultam seguir esse mapa.

Estudos mostram números que assustam um pouco: em muitos casos, depois de alguns meses do início do tratamento, a adesão cai bastante. Um levantamento recente indicou que pode chegar a menos de 25% das pessoas seguindo o tratamento corretamente. E quando o tratamento não é seguido, os sintomas voltam ou pioram, e os benefícios a longo prazo acabam se perdendo.

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Por que será que isso acontece? É falta de vontade? Preguiça? De jeito nenhum! A realidade é muito mais complexa. Entender os motivos por trás dessa dificuldade é o primeiro passo para encontrar soluções e ajudar quem tem TDAH a ter uma vida melhor. Vamos explorar o que as pesquisas mais recentes, incluindo dados de um programa específico em Houston (EUA), nos contam sobre essa luta diária e, mais importante, sobre como podemos vencê-la.

O Que Exatamente é “Aderência ao Tratamento”?

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Antes de mais nada, vamos deixar claro o que significa “aderência”. Não é só tomar o remédio na hora certa. É um conjunto de coisas:

  • Medicação: Tomar o remédio na dose certa, nos horários certos, todos os dias que foram combinados com o médico. Não pular doses ou parar por conta própria.
  • Consultas e Terapias: Ir às consultas médicas e às sessões de terapia (psicólogo, terapeuta ocupacional, etc.) nas datas marcadas.
  • Mudanças de Hábitos: Seguir orientações sobre dieta, exercícios físicos, rotina de sono, evitar substâncias que podem piorar os sintomas (quando recomendado).
  • Apoio Escolar/Profissional: Utilizar as adaptações e estratégias combinadas com a escola ou no trabalho.

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Pense na aderência como seguir uma receita de bolo: se você pular ingredientes ou etapas, o resultado final pode não ser o esperado. No tratamento do TDAH, seguir o “passo a passo” combinado com os profissionais é o que permite alcançar os melhores resultados.

Por Que é Tão Difícil Manter a Adesão no TDAH? Uma Olhada nos Obstáculos

A dificuldade em seguir o tratamento não acontece por acaso. Existem muitos fatores, e entendê-los ajuda a ter mais empatia e a buscar soluções focadas. Podemos agrupar esses desafios:

  • Desafios Ligados ao Próprio TDAH:

    • Esquecimento: Uma das características centrais do TDAH é a dificuldade com a memória de trabalho. Isso faz com que esquecer de tomar o remédio seja algo muito comum, mesmo com a melhor das intenções. Esquecer onde guardou a caixa, esquecer se já tomou ou não, esquecer de pedir a nova receita…
    • Desorganização: A dificuldade em planejar e organizar tarefas também afeta a rotina do tratamento. Manter os horários, organizar as caixas de remédio, lembrar das consultas, gerenciar receitas e documentos médicos pode ser um verdadeiro caos para quem já luta com a organização no dia a dia.
    • Procrastinação: Adiar a tarefa de tomar o remédio, de marcar a consulta, de buscar a receita… A procrastinação, comum no TDAH, também vira um obstáculo.
    • Impulsividade: Às vezes, a impulsividade pode levar a pessoa a parar de tomar o remédio numa decisão de momento, sem pensar nas consequências ou conversar com o médico. Ou talvez a “esquecer” de propósito por achar que não precisa mais.
    • Percepção do Tempo: A dificuldade em gerenciar o tempo pode fazer com que a pessoa perca o horário da medicação ou da consulta, mesmo que se lembre delas.
  • Desafios Ligados ao Paciente (Crenças, Medos, Sentimentos):

    • Medo dos Efeitos Colaterais: É normal ter receio de como o corpo vai reagir ao remédio. Medo de perder o apetite, de não conseguir dormir, de ficar “robotizado” ou “perder a personalidade” são preocupações comuns que podem levar a pessoa a evitar ou parar a medicação.
    • Estigma e Vergonha: Infelizmente, ainda existe muito preconceito em relação ao TDAH e ao uso de medicação psiquiátrica. O medo do julgamento de amigos, colegas ou até da família pode fazer com que a pessoa esconda o tratamento ou o abandone.
    • Crenças Pessoais: Algumas pessoas podem achar que TDAH não é uma “doença real”, que é só “falta de esforço”, ou que elas deveriam conseguir “superar isso sozinhas”. Essas crenças dificultam a aceitação e a adesão ao tratamento.
    • “Não Sinto Mais Efeito” ou “Não Preciso Mais”: Com o tempo, a pessoa pode se acostumar com os benefícios do remédio e achar que não precisa mais dele, ou que ele parou de fazer efeito (o que às vezes requer ajuste de dose, e não abandono).
    • Desejo de “Pausas”: Especialmente adolescentes e jovens adultos podem querer fazer “férias” da medicação nos fins de semana ou feriados, o que nem sempre é recomendado e deve ser discutido com o médico.

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  • Desafios Socioeconômicos e Ambientais:

    • Custo: Medicamentos para TDAH, consultas com especialistas e terapias podem ser caros, e nem sempre são totalmente cobertos por planos de saúde ou pelo sistema público. A falta de dinheiro é uma barreira real para muitas famílias.
    • Acesso: Morar longe de centros médicos, ter dificuldade com transporte, ou enfrentar longas filas de espera para conseguir uma consulta com especialista dificulta o início e a continuidade do tratamento.
    • Rotina Familiar: Pais que trabalham em horários inflexíveis podem ter dificuldade em levar os filhos às consultas ou terapias durante o horário comercial ou escolar. Uma rotina familiar caótica (às vezes ligada ao TDAH dos próprios pais) também atrapalha.
    • Falta de Apoio: Um ambiente familiar que não apoia o tratamento, ou uma escola que não colabora com as adaptações necessárias, torna tudo mais difícil.
    • Idioma e Cultura: Barreiras de linguagem ou crenças culturais específicas também podem influenciar a forma como o tratamento é visto e seguido.
  • Desafios Ligados ao Sistema de Saúde:

    • Burocracia: A necessidade de receitas especiais controladas para medicamentos estimulantes, que muitas vezes precisam ser renovadas mensalmente com consulta presencial, pode ser um grande transtorno.
    • Falta de Profissionais: Encontrar médicos (especialmente psiquiatras infantis ou neurologistas) e terapeutas com experiência em TDAH pode ser difícil em algumas regiões.
    • Comunicação: Falta de tempo do médico na consulta para explicar tudo com calma, ou uma comunicação que não é clara e empática, pode deixar a família insegura e menos propensa a seguir o tratamento.
    • Fragmentação do Cuidado: Ter que ir a vários profissionais diferentes (médico, psicólogo, fonoaudiólogo, escola) sem que eles conversem entre si pode ser confuso e cansativo.

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  • Desafios Ligados à Medicação em Si:

    • Esquema Complicado: Ter que tomar o remédio duas ou três vezes ao dia aumenta muito a chance de esquecimento, especialmente para crianças na escola ou adultos com rotinas corridas.
    • Dificuldade de Tomar: Crianças pequenas podem ter dificuldade para engolir comprimidos ou cápsulas. A falta de opções em gotas ou outras formas pode ser um problema.
    • Efeitos Colaterais Reais: Embora muitos efeitos sejam leves e passageiros, alguns podem ser realmente incômodos (como insônia, falta de apetite significativa, ou sentir-se emocionalmente “achatado”) e são uma causa importante para as pessoas quererem parar o tratamento. É essencial conversar com o médico sobre eles!
    • Benefício Não Percebido: Se a pessoa ou a família não percebe uma melhora clara nos sintomas, a motivação para continuar tomando um remédio todo dia diminui.
  • Desafios nas Relações Familiares:

    • Pais Discordantes: Um pai acredita no tratamento, o outro não. Um quer medicação, o outro prefere só terapia. Essa falta de consenso gera um ambiente instável e confuso para a criança ou adolescente, prejudicando a adesão.
    • Conflito Pais vs. Adolescente: É comum que adolescentes questionem o diagnóstico ou o tratamento, querendo mais autonomia. Se não houver um diálogo aberto e respeitoso, envolvendo o adolescente nas decisões (quando apropriado para a idade), a chance de ele parar de seguir o tratamento por conta própria é grande.

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Ufa! São muitos os desafios, não é mesmo? Mas reconhecê-los é libertador, pois mostra que a dificuldade não é “culpa” de ninguém e que existem caminhos para superá-la.

A Luz no Fim do Túnel: O Que Realmente Funciona para Melhorar a Adesão?

Felizmente, a mesma pesquisa que identifica os problemas também aponta as soluções! Existem várias estratégias e fatores que comprovadamente ajudam a aumentar a adesão ao tratamento do TDAH:

  • Informação é Poder (Psicoeducação Detalhada):

    • Este é talvez o ponto mais crucial. Quando a família e o paciente (conforme a idade) entendem o que é o TDAH – uma condição neurobiológica, com base genética, que afeta o funcionamento do cérebro – muita coisa muda. Cai por terra a ideia de “preguiça” ou “falta de vontade”.
    • Entender como os tratamentos funcionam (seja a medicação agindo nos neurotransmissores, seja a terapia ensinando estratégias) e quais os benefícios esperados (não só na escola, mas nas relações sociais, na autoestima, na prevenção de problemas futuros) aumenta a motivação.
    • Saber sobre os possíveis efeitos colaterais, como identificá-los, que eles costumam ser manejáveis ou temporários, e que é preciso conversar com o médico sobre eles, reduz o medo e a chance de abandono na primeira dificuldade.
    • A psicoeducação combate o estigma e a autoculpa (principalmente dos pais), criando uma atitude mais positiva e colaborativa em relação ao tratamento.
  • Simplificar é Preciso (Regimes de Tratamento):

    • Dose Única Diária: Medicamentos de liberação prolongada (que agem por 8, 10, 12 horas ou mais com uma única dose) são geralmente associados a uma adesão muito melhor do que aqueles que precisam ser tomados várias vezes ao dia. Menos chance de esquecer, menos interrupção na rotina (especialmente na escola).
    • Formas Diferentes: Para crianças (ou adultos) com dificuldade de engolir, conversar com o médico sobre opções como cápsulas que podem ser abertas, comprimidos mastigáveis, líquidos ou adesivos (quando disponíveis) pode fazer toda a diferença.
    • Rotina Clara: Estabelecer um horário fixo e associar a tomada do remédio a outra atividade diária (café da manhã, escovar os dentes) ajuda a criar o hábito.
  • Atitude Positiva e Parceria Ativa:

    • Confiança e Colaboração: Um bom relacionamento com a equipe de saúde (médico, terapeuta) é fundamental. Sentir-se ouvido, compreendido e participante das decisões sobre o tratamento (tomada de decisão compartilhada) aumenta o comprometimento. Técnicas como a entrevista motivacional podem ajudar o profissional a entender as barreiras do paciente e a encontrar soluções juntos.
    • Visão dos Pais: Pais que veem o TDAH como uma condição médica e o tratamento como uma ferramenta útil (e não como uma “muleta” ou algo negativo) tendem a apoiar mais a adesão dos filhos. Acreditar na capacidade da criança (e na própria capacidade como pais) de lidar com o TDAH também ajuda.

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  • Rede de Apoio Forte e Acesso Facilitado:

    • Acompanhamento Regular: Consultas de retorno frequentes, especialmente no início do tratamento, são essenciais para ajustar doses, manejar efeitos colaterais e reforçar a importância da adesão. Não “sumir” depois de pegar a primeira receita!
    • Cuidado Integrado: Ter o pediatra ou médico da família trabalhando em conjunto com o especialista em saúde mental ajuda a coordenar o cuidado e a identificar problemas mais cedo.
    • Tecnologia como Aliada: A telemedicina pode facilitar o acesso a consultas de acompanhamento, diminuindo barreiras de distância e tempo. Lembretes por aplicativos, sites com informação confiável e grupos de apoio online também podem ajudar.
    • Apoio na Escola: A comunicação entre pais, médicos e a escola é vital para garantir que as estratégias e adaptações necessárias estejam sendo implementadas e apoiadas.
  • Monitorar para Ajustar (O Exemplo do ChAMP):

    • O estudo de Houston mostrou o poder do acompanhamento próximo. No programa ChAMP, eles não apenas prescreviam o tratamento, mas monitoravam ativamente:
      • Sintomas: Usando escalas respondidas pelos pais/pacientes (como a ADHD-RS) para ver se o tratamento estava fazendo efeito.
      • Adesão: Verificando com que frequência a medicação era retirada na farmácia (uma medida indireta, mas útil).
      • Ajustes: Com base nessas informações, eles conversavam com a família e ajustavam o tratamento conforme necessário.
    • O resultado foi impressionante: a adesão, que era relativamente baixa no início para muitos, aumentou significativamente após 6 e 12 meses de participação no programa, chegando a mais de 80-90% em média nesse grupo acompanhado! Isso prova que monitorar e intervir ativamente funciona.

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Conclusão: A Adesão é Uma Jornada em Equipe, e Você Não Está Sozinho!

Manter o tratamento do TDAH em dia pode parecer uma montanha difícil de escalar, cheia de obstáculos que vão desde o esquecimento causado pelo próprio transtorno até barreiras práticas e emocionais. Mas a mensagem mais importante é: é possível melhorar, e você não precisa fazer isso sozinho!

A pesquisa deixa claro que a informação de qualidade (entender o TDAH e o tratamento), a simplificação da rotina (especialmente com medicações de dose única diária), uma atitude positiva e colaborativa entre paciente, família e profissionais de saúde, e um acompanhamento próximo e atento são as chaves para aumentar a adesão.

Se você ou seu filho têm TDAH e estão lutando com a adesão, não se culpem. Conversem abertamente com seu médico ou terapeuta. Expliquem as dificuldades. Juntos, vocês podem encontrar estratégias que funcionem para a sua realidade. Lembrem-se do exemplo do programa ChAMP: com o apoio certo, a melhora é real e alcançável.

Seguir o tratamento pode não ser fácil, mas os benefícios para a qualidade de vida, aprendizado, relações sociais e bem-estar geral valem muito o esforço contínuo dessa jornada em equipe!

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FAQ sobre TDAH em Adultos

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