Questionário Ajuda a Identificar TDAH em Adolescentes? Novas Pistas de um Estudo!

Diagnosticar o TDAH na adolescência pode ser um desafio. Nessa fase, os sintomas podem parecer mais “discretos” do que na infância, e é comum que outros problemas emocionais apareçam junto, confundindo um pouco as coisas. Para as meninas, então, pode ser ainda mais difícil, já que muitas vezes a dificuldade maior é na atenção (e não tanto na agitação) e elas podem desenvolver estratégias para “disfarçar” os sintomas.

Por isso, os profissionais de saúde usam várias ferramentas para ajudar na avaliação. Uma delas são os questionários de autorrelato, onde o próprio adolescente responde perguntas sobre como se sente e se comporta. São ferramentas práticas e rápidas. Mas será que elas funcionam bem?

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Um questionário bastante conhecido é a Escala de Autorrelato de TDAH da Organização Mundial da Saúde, ou ASRS-18. Pesquisadores na Suécia decidiram investigar se essa escala é realmente útil para identificar o TDAH em adolescentes que já estão buscando ajuda em serviços de saúde mental.

O Que é Essa Escala ASRS-18?

“Cada resposta carrega uma história — uma pista silenciosa sobre como o mundo é vivido por dentro.”

É um questionário com 18 perguntas. Nove perguntas são sobre sintomas de desatenção (como dificuldade de se concentrar, esquecer coisas, perder objetos) e nove são sobre hiperatividade/impulsividade (como se mexer demais, ter dificuldade de esperar a vez, interromper os outros).

O adolescente lê cada pergunta e marca a frequência com que aquele sintoma aconteceu nos últimos 6 meses, usando uma escala que vai de “nunca” (0 pontos) até “muito frequente” (4 pontos). Somando os pontos de todas as respostas, chega-se a uma pontuação total (que pode ir de 0 a 72 neste estudo).

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O Problema: A “Nota de Corte” Antiga Ajudava Pouco

Avaliar o TDAH com uma nota de corte pode ser como jogar cara ou coroa — a resposta pode estar além dos números.

Originalmente, quando essa escala foi criada (pensando mais em adultos), sugeriram uma forma de pontuar que resultava numa “nota de corte”. Se a pessoa tirasse acima dessa nota, seria um sinal de alerta para TDAH.

O problema é que um estudo anterior, com os mesmos adolescentes desta pesquisa, mostrou que essa nota de corte antiga não era muito útil na prática. Mesmo que o adolescente tirasse uma nota acima do corte, a chance de ele realmente ter TDAH era de apenas 50%. Ou seja, o médico continuava na dúvida, era como jogar uma moeda!

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A Pesquisa: Buscando Pontuações Mais Úteis

“Nem sempre a resposta está no mesmo número — às vezes, é preciso recalibrar a bússola para encontrar o verdadeiro norte.”

Os pesquisadores suecos queriam encontrar uma forma melhor de usar a pontuação total da ASRS-18 (aquela de 0 a 72). O objetivo era definir novas “notas de corte” que fossem mais confiáveis para os adolescentes que procuram ajuda psiquiátrica.

Eles queriam saber:

• Qual nota seria boa para suspeitar de TDAH (sem deixar muitos casos passarem batido)? (Alta sensibilidade)
• Qual nota seria boa para ter mais certeza do diagnóstico (sem incluir quem não tem)? (Alta especificidade)
• Será que meninos e meninas precisam de notas de corte diferentes?

Para isso, eles compararam as pontuações da ASRS-18 de 111 adolescentes com o diagnóstico final (TDAH ou não) que foi dado por psiquiatras experientes após uma avaliação completa, usando entrevistas detalhadas com os jovens e seus pais (com um método chamado K-SADS).

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O Que Eles Descobriram?

1. A Escala Funciona (Mas Pode Melhorar): Primeiro, eles confirmaram que a ASRS-18 é sim capaz de diferenciar adolescentes com TDAH daqueles sem TDAH, dentro desse grupo que busca ajuda psiquiátrica. As respostas dos jovens com TDAH eram significativamente mais altas.
2. Novas Notas de Corte Ajudam Mais: As várias notas de corte novas que eles testaram se mostraram, na maioria, mais úteis do que a forma antiga de usar a escala.
3. Meninas e Meninos: Talvez Precisem de Notas Diferentes: Usar notas de corte específicas para cada sexo pareceu trazer mais benefícios do que usar uma nota única para todos.
4. Melhor Pista para Diagnóstico em Meninas: O resultado mais interessante foi para as meninas! Quando elas tiravam uma pontuação alta na ASRS-18 (acima de 43 ou 44 pontos na soma total), a chance de elas realmente terem TDAH aumentava MUITO. Saía de uma suspeita inicial de 40% para uma probabilidade de mais de 80%! Isso dá muito mais segurança para o profissional continuar a investigação.
5. E Para os Meninos? No caso dos meninos deste estudo, as notas de corte mais altas não foram tão “certeiras” assim. Os pesquisadores acham que isso pode ter sido por causa do número menor de meninos na pesquisa. São necessários mais estudos.
6. E Para Descartar TDAH? Usar uma nota de corte mais baixa (abaixo de 24 ou 25 pontos) foi útil. Se o adolescente pontuava abaixo disso, a chance de ele ter TDAH era bem menor, ajudando o médico a talvez focar em outros problemas.

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O Que Isso Significa na Prática Clínica?

“Ferramentas certas, nas mãos certas, podem transformar dúvidas em caminhos — e acolher quem mais precisa ser ouvido.”

• Ferramenta de APOIO: A ASRS-18 pode ser uma ferramenta útil para ajudar os profissionais a rastrear e identificar adolescentes com possível TDAH dentro de um serviço de saúde mental.
• Atenção Especial às Meninas: As novas notas de corte mais altas (acima de 43/44) parecem ser particularmente úteis para confirmar a suspeita em meninas, um grupo que muitas vezes passa despercebido.
• NÃO FAZ DIAGNÓSTICO SOZINHA! Este é o ponto mais importante: nenhum questionário, incluindo o ASRS-18, pode dar o diagnóstico de TDAH sozinho. Ele é apenas UMA parte da avaliação. O diagnóstico de TDAH sempre precisa de uma avaliação clínica completa, feita por um profissional qualificado, que inclui entrevista com o adolescente e os pais, histórico detalhado, avaliação de como os sintomas impactam a vida em diferentes áreas (escola, casa, social) e investigação de outras possíveis causas ou comorbidades.

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Conclusão: Mais uma Ferramenta Útil (Quando Bem Usada!)

A escala ASRS-18 pode ser uma aliada na avaliação do TDAH em adolescentes, especialmente em serviços de saúde mental onde a prevalência é alta. Usar a pontuação total (0-72) e aplicar notas de corte mais adequadas, talvez até específicas por sexo (como as notas mais altas para meninas), pode aumentar sua utilidade. Mas lembre-se: é só uma peça do quebra-cabeça diagnóstico, que deve sempre ser montado por um profissional experiente!

Importante: Se você é adolescente e se identifica com sintomas de TDAH, ou se você é pai/mãe de um adolescente, converse com um profissional de saúde. Questionários podem ajudar, mas a avaliação clínica completa é fundamental.