
TDAH em Adultos: Um Guia Completo Sobre Medicações
Descubra as opções de medicação para TDAH em adultos, seus benefícios, riscos e efeitos colaterais. Um guia completo para pacientes, familiares e profissionais, com base nas últimas evidências científicas.
TDAH em Adultos: Um Desafio que Exige Atenção
O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) não é apenas um desafio da infância; o TDAH é uma condição que frequentemente persiste na vida adulta em uma parcela significativa da população, impactando a capacidade de concentração, organização, controle dos impulsos e regulação emocional – sintomas do transtorno que podem trazer consequências para o trabalho, os relacionamentos e a qualidade de vida.
Estima-se que o TDAH afete de 2,5% a 4,4% dos adultos em todo o mundo, o que significa que milhões de pessoas com Déficit de Atenção e Hiperatividade enfrentam esses desafios, e cerca de 4% a 6% dos adultos no Canadá. Diante desse cenário, a busca por tratamento do TDAH eficaz e seguro é fundamental.
O primeiro passo geralmente envolve o diagnóstico do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade, que é feito por um profissional qualificado. No entanto, com tantas opções disponíveis, como diferentes medicamentos para TDAH (medicamentos estimulantes, não estimulantes), terapias e outras abordagens, como saber qual o melhor caminho a seguir?
Um estudo recente conduzido na Austrália e publicado no Australian and New Zealand Journal of Psychiatry buscou responder a essa pergunta, fornecendo um guia completo baseado nas últimas evidências científicas. Os pesquisadores revisaram uma série de estudos clínicos sobre diferentes medicamentos para TDAH em adultos, analisando sua eficácia, segurança, efeitos colaterais e aceitabilidade.
Pessoas com TDAH podem ter dificuldades em:
- Manter o foco e a concentração (um aspecto central do déficit de atenção): Distraindo-se facilmente com estímulos externos ou com os próprios pensamentos.
- Controlar os impulsos: Agindo ou falando sem pensar nas consequências.
- Organizar-se: Dificuldade em planejar, priorizar e executar tarefas, gerenciar o tempo e manter o ambiente organizado.
- Regular as emoções: Reagindo de forma intensa e desproporcional às situações, com dificuldade em lidar com frustrações, raiva, ansiedade e tédio.
- Dormir: Dificuldade em adormecer, em manter o sono, acordando cansados.
- Manter relacionamentos: Os sintomas do TDAH podem afetar a forma com que a pessoa interage com os outros, o que pode trazer desafios para os relacionamentos pessoais, profissionais e amorosos.
- Administrar finanças: Dificuldade em controlar os gastos e poupar dinheiro.
- Autoestima: Pode afetar na forma como as pessoas se enxergam, causando sentimentos de baixa autoestima, insegurança e frustração.
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Tratamento do TDAH: Uma Abordagem Multifacetada
O tratamento do TDAH em adultos, ou seja, o tratamento do transtorno nesta fase da vida, é multimodal, ou seja, envolve diferentes abordagens que se complementam:
- Medicamentos para TDAH: Ajudam a regular os neurotransmissores do cérebro (as substâncias químicas que transmitem mensagens entre os neurônios) e a controlar os sintomas do TDAH.
- Terapia: Ajuda a desenvolver habilidades para lidar com os desafios do TDAH no dia a dia, como organização, planejamento, controle dos impulsos e regulação emocional. Existem diferentes tipos de terapia, como a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) e a Terapia Comportamental Dialética (TCD).
- Mudanças no estilo de vida: Adoção de hábitos saudáveis, como alimentação balanceada, sono regular, exercícios físicos e prática de mindfulness, que podem complementar o tratamento e promover o bem-estar.
Neste artigo, vamos nos aprofundar nos medicamentos para TDAH, que são uma ferramenta importante para muitos adultos com TDAH.
Medicamentos para TDAH: Estimulantes e Não Estimulantes
Existem dois tipos principais de medicamentos para TDAH em adultos:
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Medicamentos Estimulantes: São os mais usados e agem rápido (30-45 minutos). Eles aumentam a disponibilidade de dopamina e noradrenalina no cérebro. Esses neurotransmissores são importantes para a atenção, o foco, a motivação e o controle dos impulsos.
- Exemplos: Metilfenidato (Ritalina, Concerta), Dexamfetamina (Adderall, Dexedrine), Lisdexanfetamina (Vyvanse).
- Ação: Podem ser de curta duração (efeito de 3 a 6 horas) ou de longa duração (muitas vezes chamados de liberação prolongada, com efeito de 8 a 12 horas).
- Efeitos colaterais: Os efeitos colaterais mais comuns dos estimulantes são insônia, perda de apetite, dores de cabeça, ansiedade, irritabilidade, boca seca, náuseas, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca.
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Não estimulantes: Agem de forma diferente dos estimulantes, mas também podem ajudar a regular os níveis de dopamina e noradrenalina no cérebro. Demoram mais para fazer efeito (4 a 8 semanas), mas são uma opção para quem não tolera bem os estimulantes, tem outros problemas de saúde ou histórico de dependência química.
- Exemplos: Atomoxetina (Strattera), Guanfacina (Intuniv), Clonidina (Kapvay).
- Ação: Atomoxetina age como um inibidor seletivo da recaptação de noradrenalina, enquanto guanfacina e clonidina agem como agonistas alfa-2 adrenérgicos (imitando a ação da noradrenalina).
- Efeitos colaterais: Os efeitos colaterais mais comuns dos não estimulantes são fadiga, náusea, dor de estômago, diminuição do apetite, tontura, boca seca, insônia e sonolência.
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Outros medicamentos (como Antidepressivos): Alguns antidepressivos, como bupropiona (Wellbutrin) e venlafaxina (Effexor), também podem ser usados para tratar TDAH em adultos, mas não são a primeira escolha.
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Outros medicamentos (não estimulantes diversos): Outros medicamentos como antipsicóticos atípicos (ex: aripiprazol, quetiapina) e estabilizadores de humor (ex: lamotrigina), podem ser usados sozinhos ou com outros medicamentos para controlar sintomas específicos, como impulsividade ou mudanças de humor.
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O Que Diz a Ciência? Um Guia Baseado em Evidências
Para tomar decisões mais informadas sobre o tratamento do TDAH em adultos, é importante saber o que a ciência diz sobre a eficácia, a segurança e os custos dos diferentes medicamentos para TDAH.
Um guia australiano de 2023, criado por um grupo de especialistas, revisou as evidências científicas disponíveis e formulou recomendações para o tratamento do TDAH em adultos. Esse guia é baseado em um guia anterior do Reino Unido (NICE), de 2019, mas traz atualizações e novas informações.
O grupo de especialistas que elaborou o guia australiano era composto por 23 membros, incluindo psiquiatras, pediatras, clínicos gerais, psicólogos, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, educadores, psicólogos indígenas e pessoas com TDAH.
As principais recomendações do guia são:
- Medicamentos Estimulantes como medicações de primeira linha: Os estimulantes são a primeira escolha para o tratamento do TDAH em adultos, porque agem rápido e são eficazes na maioria dos casos.
- Não estimulantes como alternativa (considerados entre outros medicamentos de segunda linha): Se os estimulantes não forem adequados (por causa de efeitos colaterais, contraindicações ou preferência do paciente), os não estimulantes, como a atomoxetina e a guanfacina, podem ser uma boa alternativa.
- Tratamento combinado: Em alguns casos, a combinação de estimulantes e não estimulantes pode ser mais eficaz do que o uso de apenas um tipo de medicação.
- Outras opções (3ª e 4ª linha): Outros medicamentos, como bupropiona, clonidina, modafinila e venlafaxina, podem ser considerados em casos específicos, mas não são a primeira escolha.
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O Que Levar em Conta na Escolha do Medicamento?
Na hora de escolher entre os medicamentos para TDAH, o médico vai avaliar diversos fatores, além da eficácia:
- Efeitos colaterais (estimulantes): Os efeitos colaterais comuns incluem Insônia, perda de apetite, ansiedade, irritabilidade, boca seca, náuseas, aumento da pressão arterial e da frequência cardíaca. Geralmente, são leves e passageiros, mas podem ser intensos em algumas pessoas.
- Efeitos colaterais (não estimulantes): Os efeitos colaterais comuns incluem Fadiga, náusea, dor de estômago, diminuição do apetite, tontura, boca seca, insônia e sonolência. Geralmente, são leves e transitórios, mas podem interferir na rotina da pessoa.
- Contraindicações (estimulantes): Não devem ser usados por pessoas com problemas cardíacos graves, hipertensão arterial não controlada, glaucoma, hipertireoidismo, ansiedade grave ou histórico de dependência química.
- Contraindicações (não estimulantes): Podem não ser indicados para pessoas com certos problemas de saúde, como doenças renais ou hepáticas. É fundamental informar ao médico sobre todos os seus problemas de saúde e os medicamentos que você já usa.
- Interações medicamentosas: Alguns medicamentos não podem ser usados juntos. Outros podem ter seus efeitos potencializados ou diminuídos quando combinados. Sempre informe ao médico todos os medicamentos, vitaminas ou suplementos que você estiver usando.
- Preferências do paciente: É importante que o paciente se sinta confortável com o tratamento. Se houver preocupações com os efeitos colaterais ou com o potencial de dependência dos medicamentos estimulantes, os não estimulantes podem ser uma alternativa.
- Disponibilidade e custo: Nem todos os medicamentos estão disponíveis em todas as farmácias. O custo da medicação também pode variar bastante. Converse com o médico sobre essas questões, para que ele possa te ajudar a encontrar uma opção que seja acessível e adequada para você.
- Comorbidades (outros transtornos): Se o paciente apresentar, além do TDAH, outros transtornos (comorbidades), como depressão ou ansiedade, o médico poderá receitar outros medicamentos, ou até mesmo recomendar que o tratamento seja feito em conjunto com um psicólogo ou psiquiatra.
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Conclusão: Tratamento do TDAH em Adultos (Tratamento do Transtorno na Vida Adulta): um Caminho para o Bem-Estar
O tratamento do TDAH em adultos pode ser um desafio, mas a ciência tem nos ajudado a encontrar cada vez mais oportunidades de tratamento, que podem melhorar significativamente a qualidade de vida das pessoas com TDAH.
Ao buscarmos informações, apoio profissional e desenvolvermos estratégias para lidar com os sintomas do TDAH, podemos construir um futuro com mais bem-estar, qualidade de vida e realizações. Lembre-se: o TDAH é um desafio, não uma sentença, e pode ser superado com o manejo adequado.
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FAQ sobre TDAH em Adultos

Sou Jeferson Magno Amorim Manini, graduando em Psicologia e apaixonado por neurociência, pesquisa e conhecimento. Minha jornada acadêmica e profissional me levou a explorar profundamente o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), não apenas como um tema de estudo, mas como uma realidade que impacta milhões de pessoas.
Foi dessa paixão que nasceu o TDAH.World, um espaço criado para informar, apoiar e conectar pessoas com TDAH. Meu objetivo é traduzir informações complexas em conteúdos acessíveis, sem perder a profundidade científica, para que mais pessoas possam entender e lidar melhor com os desafios – e também as potencialidades – do TDAH.
Acredito que conhecimento bem aplicado pode transformar vidas, e é isso que me motiva a continuar estudando, escrevendo e compartilhando insights sobre neurociência, saúde mental e desempenho cognitivo. Se você chegou até aqui, espero que encontre neste espaço algo que faça sentido para você!