
TDAH e Traumatismo Cranioencefálico (TCE): Uma Ligação Perigosa?
Descubra a relação entre TDAH e o risco de traumatismo cranioencefálico (TCE). Um estudo abrangente revela que tanto pessoas com TDAH quanto seus irmãos não afetados podem ter maior risco de TCE, e discute as possíveis causas e implicações.
TDAH e Lesões na Cabeça: Uma Preocupação Crescente
O TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade) é um transtorno do neurodesenvolvimento que afeta a atenção, o controle dos impulsos e a atividade motora. Mas você sabia que pessoas com TDAH também podem ter um risco maior de sofrer traumatismos cranioencefálicos (TCE)?
TCE é qualquer lesão na cabeça que afete o cérebro, desde uma leve concussão até um dano cerebral mais grave. Essas lesões podem ter consequências sérias para a saúde física, mental e cognitiva, e podem piorar os sintomas do TDAH.
Um estudo publicado na revista Pediatric Research investigou o risco de TCE em pessoas com TDAH, seus irmãos não afetados e um grupo de controle (sem TDAH). Os resultados trazem informações importantes para pais, profissionais de saúde e para a comunidade TDAH em geral.
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O Estudo: Uma Análise Abrangente com Dados de Taiwan
Para investigar essa relação, os pesquisadores utilizaram um grande banco de dados de saúde de Taiwan, que inclui informações sobre mais de 99,7% da população do país. Eles analisaram os registros de saúde de:
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Pessoas com TDAH: Mais de 18 mil pessoas diagnosticadas com TDAH.
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Irmãos não afetados: Cerca de 19 mil irmãos e irmãs de pessoas com TDAH, que não tinham o diagnóstico do transtorno.
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Grupo controle: Mais de 188 mil pessoas sem TDAH, pareadas por idade e sexo com os outros dois grupos.
Os pesquisadores acompanharam esses grupos por vários anos (de 2001 a 2011), buscando identificar quem sofreu um TCE e quem precisou de hospitalização por causa da lesão. Eles usaram um método chamado regressão de Cox, que é uma forma de analisar dados ao longo do tempo e entender como diferentes fatores influenciam um determinado evento (neste caso, o TCE).
Além disso, os pesquisadores ajustaram os resultados para levar em conta outros fatores que poderiam influenciar o risco de TCE, como idade, sexo, renda familiar e local de moradia. Isso torna os resultados mais confiáveis.
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Resultados: Um Risco Maior para Pessoas com TDAH e Seus Irmãos
Os resultados do estudo revelaram que:
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Pessoas com TDAH têm maior risco de TCE: A incidência de TCE foi maior no grupo com TDAH (18,9%) em comparação com o grupo controle (10,3%). O risco de qualquer tipo de TCE foi 1,57 vezes maior em pessoas com TDAH.
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Irmãos não afetados também têm risco aumentado: Surpreendentemente, os irmãos de pessoas com TDAH que não tinham o diagnóstico do transtorno também apresentaram um risco maior de TCE (12,2%) em comparação com o grupo controle. O risco foi 1,20 vezes maior.
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Hospitalização por TCE: Quando analisaram apenas os casos de TCE que exigiram hospitalização, os pesquisadores encontraram um resultado inesperado: os irmãos não afetados tiveram uma taxa de hospitalização maior do que o grupo controle (1,5% contra 1,3%), enquanto o grupo com TDAH teve uma taxa menor (1,1%) do que o grupo controle.
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Importante: Esses números são médias. O risco individual pode variar dependendo de vários fatores.
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O Que Isso Significa? Interpretando os Resultados com Cuidado
Esses resultados nos levam a refletir sobre a complexa relação entre Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e TCE:
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O TDAH aumenta o risco de TCE: Isso pode ser explicado pela impulsividade, pela desatenção e pela hiperatividade, que podem levar a comportamentos de risco e a uma maior probabilidade de acidentes.
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Fatores de risco compartilhados: O fato de os irmãos não afetados também apresentarem um risco maior de TCE sugere que pode haver fatores de risco compartilhados entre o TDAH e o TCE, como fatores genéticos, ambientais (exposição a toxinas durante a gravidez) ou familiares (como a dinâmica familiar).
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O paradoxo da hospitalização: A menor taxa de hospitalização por TCE em pessoas com TDAH pode parecer contraditória, mas pode ter várias explicações:
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Maior cuidado: Pessoas com TDAH (e seus familiares) podem ter mais cuidado e tomar mais precauções para evitar acidentes, devido à consciência dos riscos.
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Subnotificação: Pessoas com TDAH podem ter mais dificuldade em procurar ajuda médica após um TCE, ou podem minimizar a gravidade da lesão.
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Outros fatores: Outros fatores, ainda desconhecidos, podem estar influenciando essa relação.
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Aprofundando: O estudo levanta a hipótese de que os irmãos não afetados podem compartilhar algumas características do Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (como a impulsividade), mesmo sem ter o diagnóstico completo. Isso poderia explicar o maior risco de TCE nesse grupo.
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Medicação e TCE: Uma Possível Proteção?

Elderly woman taking a medicine
O estudo também analisou se o uso de medicamentos para Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (como metilfenidato e atomoxetina) influenciava o risco de TCE. Os resultados sugerem que o uso prolongado desses medicamentos (por mais de um ano) pode reduzir ligeiramente o risco de qualquer tipo de TCE.
No entanto, não ficou claro se a medicação reduzia o risco de TCE grave, que precisa de hospitalização. Isso pode ser porque o estudo não teve dados suficientes para analisar essa questão de forma precisa.
Importante: Esses resultados não significam que a medicação seja uma “proteção garantida” contra o TCE. Mas eles sugerem que o tratamento adequado do Déficit de Atenção e Hiperatividade, que pode incluir medicação, pode ajudar a reduzir os riscos associados ao transtorno.
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O Que Fazer? Prevenção e Cuidados
Diante desses resultados, é fundamental que pais, educadores, profissionais de saúde e as próprias pessoas com Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade estejam atentos aos riscos de TCE e tomem medidas para preveni-los:
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Use equipamentos de segurança: Use capacete ao andar de bicicleta, skate ou patinete, use cinto de segurança no carro, e siga as regras de segurança em esportes e atividades físicas. Sempre.
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Crie um ambiente seguro: Adapte a casa e a escola para reduzir o risco de quedas e acidentes.
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Supervisione as crianças: Supervisione de perto as crianças com TDAH, especialmente em atividades que envolvem risco de lesões.
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Eduque sobre os riscos: Converse com as crianças e adolescentes sobre os riscos de TCE e a importância de se proteger.
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Procure ajuda profissional: Se você ou alguém que você conhece sofreu um TCE, procure ajuda médica imediatamente. Mesmo lesões aparentemente leves podem ter consequências graves.
Limitações do Estudo: O Que Não Sabemos
É importante lembrar que este estudo, como qualquer pesquisa científica, tem suas limitações:
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Dados de Taiwan: Os dados vieram de um banco de dados de saúde de Taiwan. É possível que os resultados sejam diferentes em outros países, com outras culturas e outros sistemas de saúde.
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Informações limitadas: O banco de dados não tinha informações detalhadas sobre o tipo de TCE, a gravidade da lesão, ou as circunstâncias em que ela ocorreu.
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Causalidade: O estudo mostra uma associação, mas não prova causa e efeito. Não sabemos se o TDAH causa o TCE, ou se existem outros fatores que explicam essa relação.
Conclusão: Um Alerta para a Prevenção e o Cuidado
O estudo sobre a relação entre Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade e TCE nos mostra que pessoas com o transtorno, e até mesmo seus irmãos não afetados, podem ter um risco maior de sofrer lesões na cabeça.
É fundamental que estejamos atentos a essa relação, que tomemos medidas para prevenir o TCE e que busquemos ajuda profissional em caso de lesão. A prevenção, o cuidado e a informação são as nossas maiores aliadas para proteger a saúde e o bem-estar das pessoas com Déficit de Atenção e Hiperatividade.
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Referências
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Autor: Ping-Chung Wu
Fonte: Pediatric Research
Pesquisa Original : Acesso aberto
“Risk of traumatic brain injury among patients with ADHD and their unaffected siblings” Ping-Chung Wu et al. Pediatric Research
FAQ: TDAH e Lesões na Cabeça

Sou Jeferson Magno Amorim Manini, graduando em Psicologia e apaixonado por neurociência, pesquisa e conhecimento. Minha jornada acadêmica e profissional me levou a explorar profundamente o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), não apenas como um tema de estudo, mas como uma realidade que impacta milhões de pessoas.
Foi dessa paixão que nasceu o TDAH.World, um espaço criado para informar, apoiar e conectar pessoas com TDAH. Meu objetivo é traduzir informações complexas em conteúdos acessíveis, sem perder a profundidade científica, para que mais pessoas possam entender e lidar melhor com os desafios – e também as potencialidades – do TDAH.
Acredito que conhecimento bem aplicado pode transformar vidas, e é isso que me motiva a continuar estudando, escrevendo e compartilhando insights sobre neurociência, saúde mental e desempenho cognitivo. Se você chegou até aqui, espero que encontre neste espaço algo que faça sentido para você!