Como a Instabilidade Neural do TDAH Afeta o Controle Cognitivo

Como a Instabilidade Neural do TDAH Afeta o Controle Cognitivo

Descubra como experiências negativas na infância podem aumentar o risco de agressividade em adultos com TDAH. Um estudo revela o papel do transtorno e da regulação emocional, e mostra caminhos para lidar com o problema.

TDAH e o Cérebro: Uma Dança Complexa

O Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) é muito mais do que apenas falta de atenção ou excesso de energia. É uma condição que afeta a forma como o cérebro processa informações, controla impulsos e regula o comportamento. Mas o que exatamente acontece no cérebro de uma criança com TDAH?

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Pesquisadores têm usado técnicas avançadas de neuroimagem, como a ressonância magnética funcional (fMRI), para “espiar” o cérebro em ação e desvendar os mistérios do TDAH. Um estudo recente, publicado na prestigiada revista “Nature Communications”, trouxe novas e importantes descobertas sobre como o cérebro de crianças com TDAH funciona de maneira diferente.

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O Estudo: Desvendando a Instabilidade Neural no TDAH

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Imagem de Colin Behrens por Pixabay

Os pesquisadores queriam entender melhor como o cérebro de crianças com TDAH lida com o controle cognitivo, que é a nossa capacidade de controlar nossos pensamentos, emoções e ações para atingir objetivos. Eles se concentraram em duas formas de controle cognitivo:

  • Controle Reativo: A capacidade de parar uma ação que já começou (ex: frear o carro quando o sinal fica vermelho).

  • Controle Proativo: A capacidade de se preparar para uma ação, antecipando o que vai acontecer e ajustando o comportamento (ex: reduzir a velocidade do carro ao se aproximar de um cruzamento).

Para isso, eles usaram uma tarefa chamada “tarefa de sinal de parada com pistas” (CSST, na sigla em inglês), que é como um jogo em que a criança precisa reagir rapidamente a um sinal, mas, às vezes, precisa parar a reação quando um sinal de “pare” aparece.

Eles mediram a atividade cerebral das crianças durante a tarefa usando a fMRI, que é como tirar “fotos” do cérebro em funcionamento. Mas, em vez de tirar apenas uma foto, eles analisaram a atividade cerebral ao longo do tempo, observando como ela mudava a cada tentativa do jogo.

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Os Resultados: Um Cérebro Mais “Instável” no TDAH

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Imagem de Miroslaw Miras por Pixabay

Os resultados do estudo revelaram que o cérebro das crianças com TDAH funciona de forma diferente do cérebro das crianças neurotípicas (sem TDAH):

  • Maior variabilidade temporal: A atividade cerebral das crianças com TDAH mudava mais de uma tentativa para outra, como se o cérebro estivesse “oscilando” mais.

  • Menor estabilidade espacial: Os padrões de atividade cerebral eram menos consistentes nas crianças com TDAH. Era como se o cérebro estivesse usando “rotas” diferentes a cada vez para realizar a mesma tarefa.

  • Áreas cerebrais afetadas: Essas diferenças foram observadas principalmente em duas redes cerebrais importantes para o controle cognitivo:

    • Rede de Saliência (SN): Ajuda a detectar o que é importante e a direcionar a atenção.

    • Rede Frontoparietal (FPN): Ajuda a planejar, organizar, controlar impulsos e tomar decisões.

  • Ligação com os sintomas: Quanto maior a variabilidade e a instabilidade da atividade cerebral, piores eram os sintomas de TDAH da criança (desatenção, hiperatividade, impulsividade).

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O Que Isso Significa? Entendendo a “Instabilidade” Cerebral no TDAH

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Imagem de Pete Linforth por Pixabay

Esses resultados nos ajudam a entender melhor o que acontece no cérebro das crianças com TDAH:

  • Dificuldade em manter o controle: A maior variabilidade e instabilidade da atividade cerebral sugerem que o cérebro TDAH tem mais dificuldade em manter um estado de “prontidão” e em controlar as respostas de forma consistente.

  • Menos eficiência: A falta de consistência na atividade cerebral pode tornar o processamento de informações menos eficiente, exigindo mais esforço do cérebro para realizar tarefas simples.

  • Impacto nos sintomas: Essa instabilidade neural pode contribuir para os sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, tornando mais difícil para a criança se concentrar, controlar seus impulsos e se adaptar às demandas do ambiente.

O Estudo Vai Além: Investigando o Controle Proativo e Reativo

O estudo também investigou se havia diferenças na atividade cerebral durante o controle proativo (se preparar para agir) e o controle reativo (parar uma ação). Os resultados mostraram que:

  • Crianças neurotípicas: Conseguem usar a informação prévia (as pistas) para se preparar e ajustar seu comportamento, ativando as áreas cerebrais de controle antes de precisar agir.
  • Crianças com TDAH: Têm mais dificuldade em usar essa informação prévia, e a atividade cerebral é menos consistente durante a preparação.

Isso sugere que crianças com TDAH podem ter dificuldades em antecipar as demandas da tarefa e em se preparar adequadamente para agir, o que pode levar a erros e a comportamentos impulsivos.

Implicações para o Tratamento e o Dia a Dia

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Patient brain testing using encephalography at medical center.

Os resultados do estudo têm implicações importantes para o tratamento e o manejo do TDAH:

  • Novos alvos para intervenção: As descobertas sugerem que as intervenções que visam estabilizar a atividade cerebral nas áreas de controle cognitivo (redes de saliência e frontoparietal) podem ser especialmente eficazes para crianças com TDAH.
  • Neurofeedback: Técnicas como o neurofeedback, que permitem à pessoa “ver” e “controlar” sua atividade cerebral em tempo real, podem ser promissoras para treinar o cérebro a se tornar mais estável e eficiente.
  • Abordagens personalizadas: O estudo reforça a importância de personalizar o tratamento do TDAH, levando em consideração as dificuldades específicas de cada criança e as áreas cerebrais mais afetadas.
  • Importância da pesquisa: É fundamental que mais pesquisas sejam realizadas para entender melhor a relação entre a instabilidade neural, o controle cognitivo e os sintomas do TDAH, para que possamos desenvolver intervenções cada vez mais eficazes.

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O Que Você Pode Fazer: Dicas para Pais, Educadores e Profissionais

Se você convive com crianças com TDAH, aqui estão algumas dicas que podem ajudar:

  • Ofereça um ambiente estruturado e previsível: Rotinas claras, regras consistentes e um ambiente organizado podem ajudar a criança a se sentir mais segura e a controlar melhor seu comportamento.
  • Divida as tarefas em etapas menores: Tarefas longas e complexas podem ser difíceis para crianças com TDAH. Divida-as em etapas menores e mais gerenciáveis, e ofereça recompensas a cada etapa concluída.
  • Use lembretes visuais: Agendas, calendários, listas e outros recursos visuais podem ajudar a criança a se lembrar de tarefas e compromissos.
  • Incentive a prática de atividades que exijam atenção e controle: Jogos de tabuleiro, quebra-cabeças, esportes e outras atividades que exigem foco e planejamento podem ajudar a treinar as funções executivas.
  • Seja paciente e compreensivo: Lembre-se de que o TDAH é um transtorno real, e que a criança está se esforçando para lidar com suas dificuldades. Ofereça apoio, compreensão e incentivo.
  • Procure ajuda profissional: Um médico, psicólogo ou terapeuta especializado em TDAH pode ajudar a criança a desenvolver habilidades para lidar com os desafios do transtorno e a construir uma vida mais equilibrada e feliz.

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Conclusão: Um Cérebro Dinâmico, Um Futuro de Possibilidades

O estudo sobre a instabilidade neural no TDAH nos mostra que o cérebro das crianças com esse transtorno funciona de forma diferente, com mais variações e menos consistência na atividade cerebral. Essa instabilidade pode contribuir para os desafios de atenção, controle e comportamento que essas crianças enfrentam.

Mas a ciência também nos mostra que o cérebro é dinâmico e adaptável. Com o tratamento adequado, o apoio necessário e as estratégias certas, é possível fortalecer as redes cerebrais envolvidas no controle cognitivo e melhorar a qualidade de vida das crianças com TDAH.

A pesquisa sobre o TDAH está em constante evolução, e cada nova descoberta nos aproxima de um futuro com mais compreensão, mais inclusão e mais oportunidades para as pessoas que convivem com esse transtorno.

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FAQ – Cérebro TDAH e Controle Cognitivo: O Que Você Precisa Saber

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