
A Importância da Metodologia Correta no Diagnóstico do TDAH
Um estudo recente lançou luz sobre esse desafio: analisando 181 jovens diagnosticados com TDAH, encontrou-se baixa concordância entre observadores e diferenças significativas entre os critérios clínicos e os resultados da Avaliação Neuropsicológica (EN). Isso revela que os sintomas podem ser percebidos de forma distinta conforme o contexto e o olhar de quem observa.
O Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade (TDAH) é um transtorno do neurodesenvolvimento, geralmente diagnosticado na infância, que impacta significativamente o funcionamento e a qualidade de vida devido a sintomas de desatenção e/ou hiperatividade/impulsividade. Dada a sua complexidade e a frequente presença de comorbidades, um diagnóstico preciso é fundamental para um tratamento eficaz. No entanto, a forma como o diagnóstico é realizado gera controvérsias.
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O Desafio dos Critérios DSM-5 e a Subjetividade
Atualmente, o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade baseia-se fundamentalmente nos critérios clínicos estabelecidos pelo Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª Edição (DSM-5). Esses critérios dependem da observação e relato de sintomas por informantes, como pais e professores.
Um estudo retrospectivo recente, analisando 181 crianças e adolescentes (8-16 anos) diagnosticados com TDAH, evidenciou um problema central dessa abordagem: uma baixa concordância significativa entre as observações de pais e professores ao aplicarem os critérios do DSM-5. Isso significa que a percepção dos sintomas varia consideravelmente dependendo do observador e do ambiente, tornando arriscado basear um diagnóstico exclusivamente nesses relatos subjetivos.
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Além disso, o estudo constatou uma diferença significativa entre o quadro identificado apenas com os critérios DSM-5 (relatados por pais e professores) e o diagnóstico estabelecido após uma avaliação neuropsicológica (EN) completa. Isso sugere que as escalas baseadas apenas em sintomas podem não capturar a totalidade do perfil neurocognitivo do indivíduo ou podem ser influenciadas por outros fatores não diretamente ligados ao Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade.
A Contribuição da Avaliação Neuropsicológica (EN)
O TDAH está associado a alterações neuroanatômicas e no funcionamento de neurotransmissores (vias dopaminérgicas e noradrenérgicas), que impactam especialmente as Funções Executivas (FE). As FEs são processos cognitivos de alta ordem ligados aos lobos frontais, responsáveis por planejamento, organização, memória de trabalho, controle inibitório, flexibilidade cognitiva e tomada de decisão. Déficits nessas funções são características centrais do TDAH.
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A Avaliação Neuropsicológica (EN) utiliza testes padronizados para medir objetivamente essas capacidades cognitivas. Ferramentas como a bateria AFE (que inclui testes como CPT, Stroop, WCST) e subtestes do WISC-V (especialmente os índices de Memória de Trabalho e Velocidade de Processamento) permitem identificar déficits específicos. O estudo destacou, por exemplo, que déficits no Índice de Memória de Trabalho (IMT) foram mais prevalentes que no Índice de Velocidade de Processamento (IVP) na amostra avaliada.
Curiosamente, embora pais e professores discordem nos critérios gerais do DSM-5, o estudo encontrou uma boa correlação entre as respostas dos pais em duas escalas diferentes que avaliam problemas nas funções executivas do dia a dia (SENA e BRIEF-2), indicando consistência na percepção parental sobre essas dificuldades específicas.
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Conclusão: Rumo a um Diagnóstico Mais Preciso
Os achados reforçam a necessidade de uma metodologia de avaliação mais robusta e objetiva para o TDAH, que vá além da simples aplicação dos critérios DSM-5. Uma Avaliação Neuropsicológica completa, combinada com uma anamnese detalhada e informações de múltiplos contextos (familiar, escolar), oferece um conhecimento mais específico, detalhado e objetivo sobre os déficits cognitivos, a gravidade dos sintomas e o perfil individual de cada paciente.
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Compreender as fortalezas e fraquezas neurocognitivas permite não só um diagnóstico mais preciso, mas também o desenvolvimento de um plano de tratamento verdadeiramente individualizado e multimodal (que pode incluir intervenção farmacológica, terapia cognitivo-comportamental, entre outros), mais eficaz para lidar com as complexidades do Transtorno de Déficit de Atenção/Hiperatividade. É fundamental buscar um consenso para um protocolo de avaliação unificado e exaustivo para o TDAH.
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Referências
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Autor: Elie Abdelnour
Fonte: Affiliations
Pesquisa Original : Acesso aberto
“ADHD Diagnostic Trends: Increased Recognition or Overdiagnosis?” Elie Abdelnour et. al Affiliations
Tendências Diagnósticas do TDAH: Reconhecimento ou Superdiagnóstico?

Sou Jeferson Magno Amorim Manini, graduando em Psicologia e apaixonado por neurociência, pesquisa e conhecimento. Minha jornada acadêmica e profissional me levou a explorar profundamente o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), não apenas como um tema de estudo, mas como uma realidade que impacta milhões de pessoas.
Foi dessa paixão que nasceu o TDAH.World, um espaço criado para informar, apoiar e conectar pessoas com TDAH. Meu objetivo é traduzir informações complexas em conteúdos acessíveis, sem perder a profundidade científica, para que mais pessoas possam entender e lidar melhor com os desafios – e também as potencialidades – do TDAH.
Acredito que conhecimento bem aplicado pode transformar vidas, e é isso que me motiva a continuar estudando, escrevendo e compartilhando insights sobre neurociência, saúde mental e desempenho cognitivo. Se você chegou até aqui, espero que encontre neste espaço algo que faça sentido para você!