Como deve ser feito o diagnóstico do TDAH no ensino infantil?

Como deve ser feito o diagnóstico do TDAH no ensino infantil?

Descubra como os sintomas de TDAH podem mudar da pré-escola para a idade escolar. Um estudo importante revela a importância de acompanhar a criança e como os relatos de pais e professores podem ser diferentes.

O TDAH na Infância: Uma Montanha-Russa de Sintomas?

Quando pensamos em TDAH (Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade), muitas vezes imaginamos que os sintomas são como uma “fotografia” da criança: algo fixo e que não muda muito com o tempo. Mas a verdade é que oDéficit de Atenção pode ser mais como uma “montanha-russa”, com altos e baixos, mudanças e transformações ao longo do desenvolvimento.

Principalmente na fase pré-escolar (entre 3 e 5 anos), identificar o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade pode ser um desafio, pois muitos comportamentos típicos dessa idade, como agitação, dificuldade de seguir instruções e impulsividade, podem se confundir com os sintomas do transtorno. Além disso, os sintomas podem se manifestar de formas diferentes em casa e na escola, o que torna a avaliação ainda mais complexa.

Um estudo científico importante, publicado na revista “European Child & Adolescent Psychiatry”, acompanhou um grupo de crianças desde a pré-escola até a idade escolar, investigando como os sintomas de Déficit de Atenção e Hiperatividade mudam ao longo do tempo e como os relatos de pais e professores podem variar. Os resultados dessa pesquisa nos trazem informações valiosas para pais, educadores e profissionais de saúde.

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O Estudo: Uma Janela para o Desenvolvimento do TDAH

O estudo acompanhou um grande grupo de crianças norueguesas desde os 3 anos de idade (fase pré-escolar) até os 8 anos (idade escolar). Os pesquisadores utilizaram diferentes ferramentas para avaliar os sintomas de TDAH:

  • Entrevista com os pais (PAPA): Uma entrevista detalhada para avaliar os sintomas de TDAH e outros transtornos mentais, com base nos critérios do DSM (Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais).

  • Questionário para os pais (ECI-4): Um questionário para avaliar os sintomas de TDAH e outros problemas de comportamento na visão dos pais.

  • Questionário para os professores (ECI-4 e CSI-4): Um questionário para avaliar os sintomas de TDAH e outros problemas de comportamento na visão dos professores.

Com esses dados, os pesquisadores puderam analisar:

  • Como os sintomas de TDAH mudam da pré-escola para a idade escolar: Se os sintomas aumentam, diminuem ou se mantêm estáveis ao longo do tempo.

  • Se os relatos de pais e professores são consistentes: Se pais e professores percebem os sintomas da criança da mesma forma.

  • Quais fatores podem prever os sintomas de TDAH na idade escolar: Se os sintomas na pré-escola podem indicar a probabilidade de a criança continuar apresentando o transtorno na idade escolar.

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Os Resultados: Mudanças, Estabilidade e a Importância do Olhar Atento

Os resultados do estudo revelaram alguns achados importantes sobre o desenvolvimento do TDAH da pré-escola para a idade escolar:

  • Os sintomas de hiperatividade/impulsividade (HI) diminuem com o tempo, segundo os pais: Os pais relataram uma redução significativa nos sintomas de HI de seus filhos entre os 3 e os 8 anos de idade. Isso sugere que a agitação e a impulsividade podem ser mais intensas na pré-escola e tendem a diminuir com o desenvolvimento da criança.

  • Os sintomas de desatenção (IA) permanecem estáveis: Tanto os pais quanto os professores relataram que os sintomas de IA se mantiveram relativamente estáveis ao longo do tempo, indicando que a dificuldade de atenção pode ser um traço mais persistente do TDAH.

  • A consistência dos relatos varia entre pais e professores: Os pais tendem a ter uma visão mais consistente dos sintomas de seus filhos ao longo do tempo, enquanto os relatos dos professores podem variar mais, principalmente devido a troca de professores.

  • Os sintomas na pré-escola podem prever os sintomas na idade escolar: Os sintomas de TDAH relatados pelos pais aos 3 anos foram um forte preditor dos sintomas relatados aos 8 anos, indicando que as dificuldades observadas na pré-escola podem ser um sinal de alerta para o futuro.

  • Baixo índice de concordância: Houve uma baixa concordância geral entre pais e professores, com somente duas crianças sendo classificadas como “apresentando TDAH” por ambos os informantes e em ambas idades.

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O Que Isso Significa para Pais e Educadores?

Esses resultados nos trazem lições importantes sobre o TDAH na infância e sobre como podemos lidar com os desafios do transtorno:

  • A importância da observação atenta: É fundamental que pais e educadores estejam atentos aos sinais de TDAH desde a pré-escola, buscando identificar precocemente as crianças que podem precisar de apoio e intervenção.

  • A complexidade do diagnóstico: O diagnóstico do TDAH na pré-escola pode ser um desafio, pois os sintomas podem se confundir com comportamentos típicos da idade e podem variar em diferentes contextos. É importante que o diagnóstico seja feito por um profissional qualificado, que leve em consideração a história da criança, os relatos de pais e professores, e outros fatores relevantes.

  • A necessidade de acompanhamento contínuo: Mesmo que os sintomas de HI diminuam com o tempo, é importante que a criança com TDAH continue a ser acompanhada por profissionais de saúde, pois os sintomas de IA podem persistir e afetar o desempenho escolar e a qualidade de vida.

  • A importância da colaboração entre pais e escola: A comunicação e a colaboração entre pais e professores são fundamentais para o sucesso do tratamento do TDAH. Pais e professores devem compartilhar informações sobre o comportamento da criança, suas dificuldades e suas conquistas, para que possam oferecer um apoio consistente e eficaz.

  • Atenção ao TDAH-I (subtipo desatento): Muitas vezes as crianças com TDAH-I não são diagnosticadas corretamente, pois por não serem crianças agitadas, não são encaminhadas para a avaliação, fazendo com que essas crianças cresçam sem o devido suporte, podendo ocasionar outros problemas.

Uma ilustração ou fotografia que mostre pais, professores e profissionais de saúde trabalhando em equipe para apoiar uma criança com TDAH. A imagem deve transmitir a ideia de colaboração, cuidado e atenção individualizada

O TDAH na Pré-Escola: Um Desafio para o Diagnóstico

O estudo também levanta uma questão importante: será que a idade pré-escolar é muito cedo para aplicar os critérios diagnósticos do TDAH?

Os pesquisadores argumentam que os sintomas de HI, como a agitação e a impulsividade, podem ser mais difíceis de avaliar em crianças pequenas, pois são comportamentos comuns nessa fase do desenvolvimento. Além disso, a exigência de que os sintomas estejam presentes em pelo menos dois ambientes (casa e escola) pode ser um critério muito rigoroso para crianças em idade pré-escolar, que muitas vezes passam a maior parte do tempo em casa.

Essas questões nos levam a refletir sobre a necessidade de adaptar os critérios diagnósticos do TDAH para a realidade da pré-escola, considerando as particularidades do desenvolvimento infantil e a variabilidade dos comportamentos nessa fase da vida.

O Futuro do TDAH: Mais Pesquisas e Intervenções Eficazes

O estudo que exploramos neste post nos mostra que o TDAH é um transtorno dinâmico, que pode mudar ao longo do tempo e que exige uma abordagem cuidadosa e individualizada.

É fundamental que continuemos a investir em pesquisas científicas que nos ajudem a compreender melhor o desenvolvimento do TDAH, a identificar os fatores de risco e proteção, e a desenvolver intervenções eficazes para cada fase da vida.

Lembre-se: o TDAH não é uma sentença, mas sim um desafio que pode ser superado com o apoio adequado. Ao estarmos atentos aos sinais, buscarmos informações, e oferecermos o suporte necessário, podemos construir um futuro mais promissor para as crianças e adolescentes com TDAH.

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