
Mitocôndrias e TDAH: Entenda a Ligação com Pequenos Impactos
No mundo acelerado do futebol, cada cabeceio pode ter um impacto mais profundo do que imaginamos, especialmente para quem vive com TDAH. Uma nova pesquisa revela que esses "trancos" leves na cabeça afetam as "usinas de energia" das nossas células, as mitocôndrias. Curiosamente, atletas com TDAH já apresentam essas "usinas" em um ritmo mais intenso em repouso , e a pesquisa mostrou que, após cabeceios, a queda na energia celular é ainda mais significativa nesse grupo.
O TDAH e a “Usina de Energia” das Células: Um Olhar Mais Perto
Para começar, vamos entender um ponto fundamental. Nosso corpo é feito de milhões de células, e dentro de cada uma delas existe uma estrutura minúscula, mas super importante, chamada mitocôndria. Pense nas mitocôndrias como as “usinas de energia” do nosso corpo. Elas pegam o alimento que a gente come e o transformam em combustível, uma substância chamada ATP, que é o que nos dá pique para tudo: pensar, correr, e até mesmo respirar.
O TDAH, como a gente sabe, é um jeito diferente de o cérebro funcionar. E esse estudo, conduzido por Ellis e sua equipe, nos mostra que essa diferença pode ir além do cérebro, chegando até essas “usinas de energia” nas nossas células. O que eles notaram é que, antes de qualquer impacto na cabeça, as pessoas com Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e apresentavam níveis mais altos de certas substâncias importantes para a produção de energia, como o citrato, isocitrato, malato e oxaloacetato.

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É como se as “usinas” delas estivessem trabalhando em um ritmo mais intenso, um pouco mais aceleradas, mesmo quando o corpo estava em repouso. Isso pode ser uma forma do corpo tentar compensar alguma coisa, ou pode ser que as células do cérebro de quem tem o déficit de atenção simplesmente precisem de mais energia para funcionar.
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Comprar AgoraOs Impactos Leves e a Reação das “Usinas”

Concentração total! A energia em campo começa mesmo antes do apito inicial, com cada jogador pronto para dar o seu melhor.
Para investigar isso, os pesquisadores convidaram 50 jogadores de futebol, sendo 25 com TDAH e 25 sem, para participar de um experimento. A ideia era simples: ver como as “usinas de energia” reagiriam depois de 10 cabeceios controlados na bola de futebol. É importante dizer que não eram cabeceios que causariam concussão, mas sim aqueles impactos menores que são comuns no dia a dia do esporte.
Os cientistas coletaram amostras de sangue dos participantes antes dos cabeceios, 2 horas depois e 24 horas depois, para medir os níveis dessas substâncias de energia. O que eles descobriram foi que, tanto no grupo com o transtorno quanto no grupo sem o transtorno , as “usinas” sentiram o impacto. Muitas daquelas substâncias importantes para a energia, como o citrato e o isocitrato, diminuíram significativamente depois dos cabeceios. Isso sugere que os impactos, mesmo os leves, podem causar uma certa “crise de energia” nas células.
A grande sacada do estudo veio ao comparar os dois grupos. No pessoal com TDAH, a diminuição dessas substâncias (citrato e isocitrato) foi muito mais acentuada. É como se a “usina” de quem tem TDAH, que já estava mais acelerada no começo, sofresse um “apagão” mais forte depois do estresse dos impactos. Para ter uma ideia, a queda no citrato foi mais de 30 µg/mL no grupo TDAH 2 horas depois dos cabeceios, e quase 70 µg/mL após 24 horas, enquanto no grupo sem TDAH a queda foi menor. Essa diferença na intensidade da resposta metabólica é um achado importante.
Por outro lado, algumas outras substâncias, como o piruvato e o alfa-cetoglutarato, que também são importantes no processo de energia, aumentaram após os cabeceios em ambos os grupos. No entanto, o aumento do alfa-cetoglutarato foi mais notável no grupo sem Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade. Isso pode significar que o corpo de quem não tem TDAH consegue ativar melhor os mecanismos de recuperação e proteção após o impacto. O alfa-cetoglutarato, por exemplo, pode funcionar como um “limpador” de radicais livres, ajudando a diminuir o estresse nas células.
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Então, o que tudo isso significa para quem tem TDAH? Este estudo nos dá mais peças para montar o quebra-cabeça de como o TDAH pode afetar o corpo de maneiras que não imaginávamos. Já sabemos, por outras pesquisas, que pessoas com TDAH têm um risco maior de sofrer concussões, apresentam sintomas mais graves e levam mais tempo para se recuperar.
Os resultados deste estudo agora sugerem que mesmo impactos que não chegam a ser concussões podem gerar uma resposta metabólica mais forte e potencialmente mais prejudicial nas “usinas de energia” de quem tem TDAH.
Pense na sua “usina” particular. Se ela já está trabalhando mais intensamente no dia a dia, um estresse extra, como um impacto na cabeça, pode desregulá-la de forma mais significativa. Isso pode explicar, em parte, por que os sintomas cognitivos podem piorar depois de um impacto, e por que a recuperação pode ser mais complicada para quem vive com TDAH.
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Comprar AgoraO Mistério da Medicação: Ajuda ou Atrapalha?
Uma pergunta que sempre surge é: e a medicação para TDAH? Ela tem algum papel nisso? A pesquisa levantou essa questão, e a resposta não é tão simples. Existem estudos que sugerem que as medicações estimulantes podem ter um efeito protetor em casos de concussão, acelerando a recuperação. Por exemplo, atletas com TDAH que usavam medicação se recuperaram mais rápido de concussões do que aqueles que não usavam.
No entanto, há uma outra linha de pesquisa que sugere que algumas dessas medicações, especialmente em doses muito altas e usadas por longos períodos, podem, paradoxalmente, afetar as mitocôndrias, aquelas “usinas de energia”. Elas poderiam, por exemplo, diminuir a atividade de enzimas importantes para o ciclo de produção de energia.
O estudo de Ellis não conseguiu desvendar completamente esse mistério, pois a amostra de participantes era pequena para separar quem usava cada tipo de medicação ou dose. A maioria dos participantes no estudo estava usando medicações como Adderall, Vyvanse ou sais de anfetamina, e não estavam em doses consideradas muito altas. Portanto, o impacto da medicação nos resultados ainda é uma questão em aberto para futuras pesquisas.
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Este estudo é um passo importante para entendermos melhor as ligações entre TDAH e saúde cerebral em situações de impacto. Ele nos mostra que a resposta do corpo pode ser diferente e que precisamos de mais pesquisas para entender tudo isso a fundo.
Para quem vive com TDAH e adora esportes, especialmente aqueles com algum risco de impacto na cabeça, a mensagem não é para parar de se exercitar, mas sim aumentar o cuidadi com a saúde física mental! A atividade física traz muitos benefícios para o TDAH, ajudando a controlar sintomas e melhorar o bem-estar. O importante é ficar atento.
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Converse com um profissional de saúde: Compartilhe suas preocupações com seu médico, neurologista ou terapeuta. Eles podem te orientar sobre as melhores práticas para o seu caso.
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Atenção aos sinais: Fique de olho em qualquer mudança no seu corpo ou na sua mente após um impacto. Sintomas como dor de cabeça, tontura, dificuldade para se concentrar ou irritabilidade merecem atenção.
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Priorize a proteção: Sempre use o equipamento de proteção adequado.
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Ouça seu corpo: Se sentir que algo não está legal, dê um tempo. A recuperação é essencial.
A pesquisa continua avançando para nos dar mais clareza. Enquanto isso, o conhecimento é a nossa melhor ferramenta. Entender como o TDAH funciona no nosso corpo, em suas diversas nuances, nos ajuda a tomar as melhores decisões para uma vida plena e com muita energia!
Referências
Saiba mais
Pesquisa Original: Open access
“Alterations in mitochondrial energy metabolites following acute subconcussive head impacts among athletes with and without ADHD” Gage Ellis et. al iScience
Perguntas Frequentes (FAQ) sobre TDAH, Esportes e Impactos na Cabeça

Sou Jeferson Magno Amorim Manini, graduando em Psicologia e apaixonado por neurociência, pesquisa e conhecimento. Minha jornada acadêmica e profissional me levou a explorar profundamente o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), não apenas como um tema de estudo, mas como uma realidade que impacta milhões de pessoas.
Foi dessa paixão que nasceu o TDAH.World, um espaço criado para informar, apoiar e conectar pessoas com TDAH. Meu objetivo é traduzir informações complexas em conteúdos acessíveis, sem perder a profundidade científica, para que mais pessoas possam entender e lidar melhor com os desafios – e também as potencialidades – do TDAH.
Acredito que conhecimento bem aplicado pode transformar vidas, e é isso que me motiva a continuar estudando, escrevendo e compartilhando insights sobre neurociência, saúde mental e desempenho cognitivo. Se você chegou até aqui, espero que encontre neste espaço algo que faça sentido para você!